Cansei de ser marionete 

"Seu cabelo fica estranho assim... você deveria soltá-lo.","Por que não colocas uma maquiagem neste rosto pálido?", "Meu Deus! Por que é que ela fica tanto tempo olhando para o nada?" Ah... eu, proprietária do meu corpo, nem sequer posso escolher como sairei na rua. Nós somos comandados pela moda, somos micro-robôs, meu bem. Não podemos nos vestir, a moda é quem nos veste, como dizia meu querido Drummond "Saio da estamparia, não de casa. Da vitrine me tiraram, recolocam. Objeto pulsante, mas objeto." Sou uma marionete que não pôde ser inclusa no espetáculo, por não se encaixar nos parâmetros. Então questiono... por causa de quê me criaram? Se pra nada sirvo me joguem no lixo! Nunca serei protagonista, nem nada, sou inútil neste palco, mesmo que seja para limpar a sujeira feita pelos atores. Joguem-me no lixo seu imbecis! Cortem estas cordas que machucam minha alma e coração. Livrem-se do que não presta, livrem-se de mim.

— Olhos-perdidos/ Estrelamorta.tumblr.com

Possuo um tumblr, mas cheguei a conclusão de que um blogger é mais seguro para expor algumas partes de minha vida, mesmo que no anonimato.

“Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.”

—	Manuel Bandeira

Quadrilha.

João amava Teresa

Que amava Raimundo
Que amava Maria
Que amava Joaquim
Que amava Lili
Que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu num desastre, Maria ficou para titia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

Carlos Drummond de Andrade.